domingo, 30 de março de 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
PROF: RICARDO CASTRO
ALUNA:NAIARA ALVES DA SILVA DRE:107360698


Fichamento do Texto 2: FALCON, Francisco.”O capitalismo unifica o mundo” In.:REIS FILHO,Daniel Aragão (org.) O século XX:o tempo das incertezas. Rio de Janeiro,Civilização Brasileira,2000.p.11-76.


O texto de Falcon apresenta informações factuais tais como a informação de datas e divisões periódicas a fim de que se pudesse observar as etapas do sistema capitalista.Contudo, o autor não se limitar a apresentar dados históricos, mas também introduz uma discussão historiográfica acerca do tema do qual se propõe a analisar: a expansão européia de fins do século XIX e inicio do século XX pelos continentes africano, asiático e americano.
Após uma breve discussão sobre alguns conceitos que estão ligados diretamente ao tema em analise – como o de capitalismo ou até mesmo a idéia de Europa – o autor utiliza-se de uma periodicidade conjuntural para refletir a oscilação de crise e prosperidade na Europa ao longo da Idade Moderna, que se inicia em fins da Idade Média.
Em seqüência, o autor constrói o cenário político, social e cultural da expansão capitalista desde a sua fase inicial, que Falcon caracteriza como “pré-capitalista”, passando pelo estágio do capitalismo industrial,quando se iniciam as colonizações de África, Ásia e América, calcadas numa idéia de imperialismo. Isso implica dizer que, se nas colonizações dos séculos XV-XVI há uma discussão historiográfica sobre o grau de interferência de uma possível lógica capitalista, e se houvesse, de como seria a sua respectiva configuração, nessa nova conjuntura, trabalha-se com distintas perspectivas. Nessa colonização de meados do século XIX a “expansão assume agora, aos poucos, novas características do ponto de vista dos objetivos, métodos e as motivações que as comandam” (p. 51)
Contudo Falcon ressalta a importância de dividir a expansão do século XIX em dois períodos uma vez que “tais características não se mostram uniformes nos espaços e tempos do Oitocentos” (p. ).Ainda que considerem a cronologia pré e pós 1870-80 “problemática” pelas suas implicações teóricas, o que difere o período antecedente a 1870-80 do período que o sucede consiste num conjunto de acontecimentos de significativa relevância:

O que se pode observar, na realidade, é a aceleração do processo expansionista em diversos sentidos, em conexão, provavelmente, com dois fatores: os efeitos da ‘grande depressão’ (1873-96) do seculo XIX; a entrada em cena de novas potências – Alemanha, Bélgica, Itália,Japão, Estados Unidos e mesmo a Rússia – subvertendo inteiramente os dados de uma competição até então quase exclusivamente anglo-francesa (p.52)

Dentro dessa lógica, Falcon ressalta quatro atores sociais de participação bem-definida: exploradores, missionários, militares e empresários. Os primeiros consistem numa “mistura de aventureiros e cientistas” (p.52), que partiam em expedições terrestres por África, Ásia ou América em busca de achados científicos e mapeamentos do território. “A ação dos missionários católicos e protestantes bem menos sensacional, foi, no entanto muito mais ampla e persistente” (p.52),enquanto os militares foram responsáveis pela dominação dos povos nativos.Já os empresários, “sempre presentes e atuantes (p.53), eram “as vezes os pioneiros, aqueles que chegaram primeiro e se estabeleceram com seus negócios, comprando e vendendo as ‘nativos’”(p.53).
Falcon encerra seu texto depois de tratar de casos específicos da expansão como a ocupação do Egito, Argélia, parte ocidental de África, África do Sul, Índia, Sudeste da Ásia, Extremo Oriente, e finalmente, a América.

domingo, 23 de março de 2008

Fichamento n°1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Disciplina:História Contemporânea
Professor:Ricardo Castro
Aluna:Naiara Alves da Silva
DRE: 107360698



Berman,Marshall.Tudo que é sólido desmancha no ar-a aventura da modernidade.São Paulo,Companhia de Bolso,2007.Introdução:Modernidade-ontem,hoje e amanhã.pp.24-49


Nessa introdução, o autor preocupa-se em definir modernidade enquanto um estado de transformação constante, e essas mudanças seriam desencadeadas pelo paradoxo contido nesses novos tempos. Em outras palavras, a Modernidade implica um sem-número de incertezas pelo que é, pois a sua própria existência não solidifica coisa alguma-pelo contrário, sentimentos, percepções, conceitos e ideologias modernos representam necessariamente o novo, aquele que se transformou, o de vanguarda, o moderno. Portanto, "ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia". (P.24)
Ao propor uma análise acerca da "dialética da modernização e do modernismo" (P.25), Marshall Berman divide a modernidade em fases: a primeira, do século XVI até o final do século XVII, que se caracteriza como as primeiras percepções do fenômeno do qual não se tinha muita noção. Já a segunda, que se inicia com os movimentos revolucionários de 1790, é a fase em que as pessoas vivem as mudanças de um tempo moderno, mas ainda "lembra[m] do que é viver, material e espiritualmente, em um mundo que não chega a ser moderno por inteiro". (P.26)
E finalmente, a terceira etapa, correspondente ao século XX, representa a expansão do processo de modernização e a "cultura muldial do modernismo em desenvolvimento atinge espetaculares trunfos na arte e no pensamento". (P.26) Todavia, essa grande multidão rompe-se em diversos seguimentos. Com isso, essa era a moderna parece "que perdeu contato com as raízes de sua própria modernidade" (P.26)
Berman caracteriza Rousseau como sendo o primeiro pensador a utilizar palavra modernismo no sentido em que ela será utilizada posteriormente, ao longo dos séculos XIX e XX. Ainda que estivesse na primeira fase desse processo, esse filósofo conseguiu enxergar o turbilhão social que se iniciava e na sua obra A Nova Heloísa, sob a análise de Berman, parece transmitir as percepções de Rosseau sobre esse mundo agitado e novo pois:
Essa atmosfera de agitação e turbulência, aturdimento psiquico e embriaguez, expansão das posssibilidades de experiências, destruições das bareiras morais e dos comprissos pessoais, auto-expansão e auto-desordem, fantasmas na rua e na alma - é a atmosfera que dá origem à sensibilidade moderna. (pp.27-28)
As impressões da segunda fase sob o fenômeno da modernidade e suas implicações foram analizadas por Berman a partir de Nietzsche e Marx. Segundo Berman, Marx acreditava que a vida moderna tinha a contradição arraigada em sua base enquanto Nietzsche, a partir de sua percepção de que os "ideais cristãos da integridade da alma e a aspirações à verdade" levariam "a implodir o próprio cristianismo" (P.31) também concluiu que "as correntes da história moderna eram irônicas e dialéticas" (P.31)
Chegando ao século XX, Berman fala de outras fases do modernismo, como futuristas se caracterizavam pelo louvor à tecnologia moderna.
A segunda metade do século XX teve o movimento modernista divido em três tendências. O afirmativo tinha como preocupação apenas a própria arte. A segunda tendência "deixa de lado toda a força afirmativa e positiva em relação à vida" (P.13) e passa pelo oposto, de interpretação pertubadora a respeito da vida moderna. A terceira, ausente da paixão e da rejeição respectivamente supracitadas "recriou a abertura para o mundo" (P.44) apesar de não ter desenvolvido "uma perspectiva crítica que pudesse esclarecer até que ponto devia caminhar essa abertura para o mundo moderno e até que ponto devia caminhar essa abertura para o mundo moderno tem a obrigação de ver e denunciar os limites dos poderes deste mundo". (P.45)
Berman finaliza seu texto ressaltando a importância de se analisar os modernismos como forma de se compreender melhor não só o passado, mas também os dias futuros.