domingo, 6 de abril de 2008

Fichamento do texto 3: HOBSBAWM,Eric.A era dos impérios. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1988.Capitulo 1

Esse capítulo, o primeiro da obra “A Era dos Impérios”, inicia-se com uma breve explicação acerca das comemorações do centenário. Na verdade, Hobsbawm analisa os anos de 1780 e 1880 e suas respectivas conjunturas, que modelaram ondas bastante diferentes. A escolha de 1780 constitui-se da representação da Declaração de Independência e da revolução Francesa – 1776 e 1789, respectivamente – como registro do nascimento de uma nova concepção de mundo fundamentada nos princípios políticos, jurídicos e morais do então ascendente sistema capitalista. Já o ano de 1880 representa um outro momento desse sistema: a revolução industrial traz consigo novas idéias e representações sobre o mundo. Aqui, a predominância é a do ideal de progresso, de Estados-nação desenvolvidos e de superioridade racial.
Sendo assim, as diferenças ente os anos de 1780 e 1880 são marcantes de tal maneira que parecem polarizar esses dois mundos. Na primeira conjuntura os diferentes ritmos de produção que se configuravam nos diversos Estados não eram tão díspares entre si. Contudo, no século XIX, por uma série de fatores “a defasagem entre os países ocidentais [...] e os demais se amplio, primeiro devagar, depois cada vez mais rápido” (p.32).Eric Hobsbawm conclui que “a tecnologia era uma das principais causas dessa defasagem, acentuando-a não só econômica como politicamente” (p.32).Portanto a revolução industrial oi um mecanismo ampliador das diferenças não somente a nível internacional mas também dentro de um único Estado-nação, A partir das implementações tecnológicas as distancias geográficas “encurtaram-se”, permitindo significativos fluxos migratórios e um maior intercâmbio cultural. O desenvolvimento do setor de comunicações e transporte também contribui a maior conexão desse novo mundo densamente povoado.
A partir de 1880 pode-se falar de um sistema articulado composto por duas partes distintas: o chamado Primeiro Mundo, representado sobre tudo por uma concepção de Europa que consistiam em

[...] o conjunto de Estados através dos quais e pelos quais a conquista econômica – e, no período que nos ocupa, a conquista política – do planeta , estava unida tanto pela historia como pelo desenvolvimento econômico. Esse conjunto de estados era a “Europa” constituído não só pelas regiões que formavam, claramente, o cerne do desenvolvimento capitalista mundial – sobretudo a Europa central e do Noroeste e algumas colônias ultramarinas.

Já o Segundo Mundo com uma dimensão física bem maior e heterogênea guardava em comum o atraso tecnológico que sentenciava as suas partes a uma condição de dependência e subordinação.
Por representar “o centro original do desenvolvimento capitalista que dominava e transformava o mundo” (p. 36), a Europa tornou-se nesse século “a peça mais importante da economia mundial” (p.36). Por isso, a cultura erudita das suas colônias era dependente das expressões culturais européias. O velho continente era referencia de superioridade cultural e o seu padrão civilizatório era um modelo a ser seguido ao longo do século XIX pela América Latina, Ásia e África.
E por fim o autor nos revela que à dominação econômica seguia-se a dominação ideológica. Dessa maneira, nesse século de progresso surgiam concepções que separavam a humanidade em diferentes categorias. Essas construções, de hierarquia racial, baseadas em pseudocientíficos ascendiam com intensidade ao longo do século que Eric Hobsbawm chamou atenção para a sua particularidade, uma vez que “nunca houve na história um século mais europeu, nem tornará a haver” (p.36).

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